sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Países ricos estão longe de cumprir ajuda ao desenvolvimento, diz ONU

/08 - 18h05 - Atualizado em 04/09/08 - 18h10
Países ricos estão longe de cumprir ajuda ao desenvolvimento, diz ONU
Da EFE

Nações Unidas, 4 set (EFE) - Os países ricos deverão aumentar em US$ 18 bilhões anuais até 2010 sua ajuda ao desenvolvimento e ao comércio para cumprir o estipulado, anunciou hoje a comissão da ONU que supervisiona o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Esta é uma das recomendações do primeiro relatório desse grupo de trabalho, criado em 2007 pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e do qual participam várias agências do organismo, além do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), entre outras instituições.

"O ano de 2008 deve ser um momento decisivo no avanço em direção aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio", afirmou hoje Ban em entrevista coletiva na qual apresentou o relatório "Potenciar a Colaboração Mundial para Conseguir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio".

Para elaborar o estudo, o grupo de trabalho analisou o cumprimento dos compromissos dos países ricos relativos à ajuda ao desenvolvimento e à dívida das nações pobres, assim como o acesso destes últimos aos mercados, a remédios acessíveis e às novas tecnologias.

O relatório destaca que foi possível "um avanço significativo" em aliviar a dívida dos países mais pobres, mas não quanto aos compromissos sobre o comércio e a ajuda ao desenvolvimento.

Para Ban, este documento é "uma valiosa ferramenta" para a reunião de líderes mundiais que será realizada em Nova York em 25 de setembro e na qual se tentará identificar vias urgentes de ação para cumprir os objetivos estabelecidos para 2015.

O relatório indica que, apesar de os países doadores terem elevado sua ajuda oficial ao desenvolvimento desde 2000, o fluxo de recursos baixou 4,7% em 2006 e 8,4% em 2007.

O estudo lembra ainda que em 2005 os países doadores se comprometeram a aumentar a assistência ao desenvolvimento em US$ 50 bilhões anuais até 2010, até US$ 130 bilhões, mas essa meta ainda está longe de ser alcançada.

Um aumento dessa magnitude elevaria a assistência ao desenvolvimento a 0,35% da receita bruta nacional dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas o percentual ainda seria a metade do objetivo da ONU.

"É necessário cumprir as promessas e, assim, melhorar as condições de vida de milhões de pessoas", explicou Ban, que pediu aos países mais ricos para fazer um esforço, porque "só restam sete anos" para 2015.

O fracasso das negociações da Rodada de Doha em julho foi um "grande contratempo" para os países em desenvolvimento, que queriam ter mais oportunidades de comércio e reduzir, desta forma, sua pobreza, segundo o grupo de trabalho.

O relatório assinala que só 79% das exportações dos países menos desenvolvidos não taxam o acesso aos mercados dos ricos, abaixo do objetivo de 97% definido em 2005.

Quanto à dívida externa, 33 países foram ou serão aliviados dessa pesada carga, com o cancelamento de mais de 90%, mas ainda há outros oito que precisariam de um impulso.

Sobre os remédios, o documento afirma que "melhorou" o acesso a medicamentos para combater o vírus HIV e a aids, a malária e a tuberculose, embora a disponibilidade das essenciais continue sendo inadequada.

No caso das tecnologias, o relatório constata que as nações em desenvolvimento têm um acesso sem precedentes a novas tecnologias da informação e à comunicação, com mais de 77% da população capaz de receber sinais de telefonia celular, 46% a mais que em 2001.

No entanto, Ban insistiu em que é necessário potenciar "a transferência de tecnologia" e lembrou que persiste a exclusão digital entre países ricos e em vias de desenvolvimento.

O texto acrescenta que 32% da população no mundo subdesenvolvido ainda vivem sem eletricidade.

Entre suas recomendações, os especialistas apontam que muitas nações com poucos recursos devem integrar comércio e competitividade em suas estratégias de desenvolvimento, e eliminar impostos e outras cargas em remédios essenciais, assim como permitir o acesso a remédios genéricos com menores preços.

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