quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Chefe da ONU pede que G20 não se esqueça dos pobres

Por Patrick Worsnip

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), conclamou os dirigentes que participarão neste fim de semana de uma cúpula financeira em Washington a não deixarem que a crise global se transforme em uma "tragédia humana" para os moradores dos países pobres.

Em carta enviada aos líderes do G20 - formado pelos integrantes do Grupo dos Sete (G7), de potências industriais, e por outras grandes economias do mundo -, Ban chamou atenção para o fato de que, se centenas de milhões de pessoas ficarem sem emprego, haveria repercussões nas esferas política e de segurança.

"Os mais pobres e mais vulneráveis de todas as partes, mas particularmente os dos países em desenvolvimento, serão os mais afetados" pela desaceleração da economia mundial que se prevê atualmente, afirmou o secretário-geral em carta divulgada pela ONU na quinta-feira.

"Precisamos, antes de tudo, unir forças para adotar medidas imediatas a fim de evitar que a crise financeira se transforme em uma tragédia humana."

Ban, que participará do encontro em Washington, disse que tentaria falar em nome de mais de 170 países que não terão representação no evento.

"Se centenas de milhões de pessoas perderem seu sustento e suas esperanças no futuro virarem pó por uma crise pela qual não têm responsabilidade nenhuma, a crise humana não será apenas econômica", disse o chefe da ONU.

"Ela ganhará novas e complicadas dimensões políticas e de segurança, as quais poderiam sobrepujar as que já enfrentamos."

Ban defendeu que o encontro "dê sinais de solidariedade em relação aos mais necessitados" e pediu que os países ricos cumpram as promessas de ajuda feitas antes da crise global de crédito, detonada por problemas no setor de hipotecas dos EUA.

Reformas institucionais não podem se restringir ao setor de regulamentação financeira e precisam também tratar de desafios mais amplos tais como as mudanças climáticas, a prevenção de conflitos e a erradicação da pobreza.

Investir em novas tecnologias e em "empregos verdes" para combater o aquecimento da terra significaria formas de combate de curto prazo à crise e poderia criar as fundações para um crescimento de longo prazo, afirmou Ban, que fez do meio ambiente um dos pontos centrais de seu mandato.

O secretário-geral também pediu que os países resistam à tentação do protecionismo e que resolvam com celeridade as questões responsáveis por impedir a conclusão da Rodada de Doha, sobre o comércio mundial

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