segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Países africanos pedem que líderes do G-20 não se esqueçam do continente

ESTRASBURGO, França (AFP) — Dirigentes africanos reunidos na França fizeram um apelo neste sábado aos líderes do G-20, que realizaram sua primeira reunião de cúpula em Washington para debater uma reforma do sistema financeiro, que não se esqueçam do continente, igualmente afetado pela crise.

"A África e as outras regiões em desenvolvimento do mundo deveriam estar envolvidas mais diretamente nas negociações em curso sobre a reforma da arquitetura financeira internacional", reclamou o presidente de Burkina Faso, Blaise Compaoré, na abertura das Jornadas Européias de Desenvolvimento, realizadas em Estrasburgo (nordeste da França).

"Se o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial devem ter um papel mais importante na governabilidade financeira internacional, é justo que os países em desenvolvimento estejam mais envolvidos na aplicação das reformas que se anunciam", acrescentou Compaoré, que preside a Comunidade Econômica dos Estados do Oeste da África.

O presidente de Mali, Amadou Tounami Touré, disse por sua vez que "a crise mundial confirma a necessidade de se construir uma nova arquitetura financeira, envolvendo não apenas os países emergentes, mas também a África".
Como presidente da UE, a França fez "todo o possível", para que a representação africana no G20 não recaísse apenas sobre a África do Sul, alegou o ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner.

Alguns presidentes africanos também expressaram seus temores de que a crise financeira leve a comunidade internacional a se esquecer de outros problemas, como a crise dos alimentos, que já provocou conflitos em alguns países, ou que diminuam as ajudas destinadas pelos países ricos aos mais pobres.

Já o presidente de Madagascar, Marc Ravalomanana, relativizou a ausência da África no G20 e advertiu que, para serem "acreditados" e tratados como "aliados responsáveis", os países africanos "devem tomar o próprio futuro nas mãos" e "mostrar ao mundo que nós, os líderes africanos, somos sérios, comprometidos e determinados", melhorando a governabilidade dos países do continente.

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