domingo, 2 de novembro de 2008

Patrus Ananias apresenta a ministros africanos experiência brasileira no combate à pobreza

Brasília - Convidado a participar da 1ª Conferência da União Africana de Ministros Encarregados do Desenvolvimento Social, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, foi o único representante de um governo não-africano a falar durante a cerimônia de abertura do evento, iniciado hoje (30), na Namíbia.

Segundo ele, a experiência brasileira no combate à fome, à desnutrição e à pobreza extrema tem despertado crescente interesse em todo o mundo. Durante sua participação como orador, Ananias apresentou um balanço do que o país tem realizado em termos de assistência social.

“Estamos aqui para ajudar e demonstrar a eles como desenvolver programas sociais como o
Bolsa Família”, declarou o ministro, por telefone. “Viemos colocar à disposição dos governos africanos as experiências exitosas que acumulamos nos últimos anos. Para que eles procurem implementar políticas vigorosas de transferência de renda e para que promovam políticas de apoio aos pequenos agricultores”, disse.

Para o ministro, mais importante que uma eventual ajuda financeira internacional é que os governantes africanos façam a “opção” política pelos mais pobres para, então, fazer, “na medida de suas possibilidades e respeitando suas culturas, o que o Brasil está fazendo”.

Crítico das políticas neo-liberais - que prevêem um Estado enxuto, que intervenha o mínimo possível nos mercados, deixando que eles próprios se regulem -, Ananias disse ter defendido a importância da participação governamental na execução de políticas sociais.

“É fundamental a participação efetiva do Estado, mobilizando recursos financeiros, tecnológicos e humanos. Claro que as parcerias são fundamentais, mas é essencial que o Estado direcione essas políticas e dê o exemplo ao priorizar e investir na área social”, disse Ananias, afirmando ver vontade política dos governantes africanos para atuar em prol da redução das desigualdades.

“Senti uma vontade muito grande dos países africanos de investir recursos nas políticas sociais.

Lógico que há uns que podem investir mais, outros menos, mas todos podem e devem investir no social. Embora o continente não seja homogêneo, tem recursos esplêndidos e todos os países têm potencialidades”, afirmou Ananias.

Para o ministro, a compreensão de que o crescimento econômico, embora indispensável, não é suficiente para promover a inclusão social dos mais pobres está se universalizando. Ananias defendeu que, para os países africanos, a implementação de políticas sociais é fundamental.

“O desenvolvimento econômico por si só não produz uma sociedade com inclusão e justiça social.
Não distribui renda. As pesquisas demonstram que os investimento sociais têm um grande retorno, não só pela questão ética e pela solidariedade, mas também pela sustentabilidade do crescimento econômico. Isso não acontece se não há redistribuição de renda, sem criação de um mercado interno forte”, disse o ministro.

Realizada pela União Africana, uma organização inspirada no modelo da União Européia, criada com o intuito de promover a democracia, os direitos humanos e o desenvolvimento africano, a conferência reúne ministros dos países africanos, além de Suécia, Grã-Bretanha e Finlânida, entre outros.

O evento conta com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e de outras entidades internacionais. Ao término da conferência deverão ser elaborados documentos como uma Declaração sobre Desenvolvimento Social e uma Posição Comum Africana sobre Integração Social.

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